sábado, 17 de março de 2018

Arte: Carlos Saramago
Tela de Carlos Saramago
Vai e que te sejam suaves os passos e as pedras do caminho
Vai-te de mim, que já te foste
Que me deixaste no limbo de sonhos mal sonhados
No sítio de ninguém
No fumo enrolado entre os cigarros fumados p'la metade.
Por aqui me fico na espera de um cigarro fumado até ao fim
Na espera de sonhos que já não sejam
Na espera de uma outra maré, que as marés voltam sempre,
Mas não à tua espera
Já não.
Da mulher que sou volto à mulher que fui
Mais forte, mais plena, mais eu.
Que em mim se erga uma montanha
Que da montanha cresçam árvores
Que das árvores nasçam frutos proibidos
Que aos frutos ninguém lhes toque, que serão meus,
Só meus.
Que as minhas raízes não parem de crescer
Se enrosquem, que estrangulem
E vivam

Que vivam sempre para além de mim.

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