sexta-feira, 16 de março de 2018

Foto de Sarapintar.
Tela de Sara Pestana
Engole a tristeza a sangue frio
e espera arrotá-la no cimo de uma falésia perdida em sítio nenhum.
Vai gritando vómitos de fel
vai sozinha que há dores que se querem sós.
Há redemoinhos de angústias nos porquês da vida
nos porquês dos dias feitos de azias
nos dias feitos de pedras
nos dias feitos de nada.
E chega-se à falésia e engole os ecos dos gritos que não gritou
e olha em volta do nada que há p'ra ver
do nada em que se tornou
e espera.
Espera que se desfaçam os ecos e as azias e as pedras
e espera poder gritar de vez

a voz.

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