Enfadada desliguei o carro que, por
acaso, já estava estacionado. Saí, olhei pela primeira vez o dono
daquela voz e senti remorsos do enfado.
Velho, talvez tão velho
como a terra que o viu nascer, rosto tisnado pelo sol e mapeado pela
vida. Olhar azul e meigo, tão fora de propósito com o ar rude da
feição.
Dê-me um cigarrinho.
Dou com certeza!
Dou com certeza!
Era a única
maneira que tinha à mão para tentar apagar o remorso, mas tão
pouca...
Olhei-lhe e senti-lhe as mãos, grandes, igualmente escuras como o rosto, rugosas e ásperas, fortes como ele, que sim, ele era forte, ainda.
Olhei-lhe e senti-lhe as mãos, grandes, igualmente escuras como o rosto, rugosas e ásperas, fortes como ele, que sim, ele era forte, ainda.
Muitas redes devem ter puxado, muito mar
devem ter enfrentado, aquelas mãos.
Ia virar-lhe as costas, quando me tornou a falar.
Ia virar-lhe as costas, quando me tornou a falar.
Dê-me lá fogo! Qualquer dia a gente
morre. É o coração. Se ele para a gente morre.
Morre sim, vamos
morrer todos. Adeus.
Adeus senhora e obrigado!
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