segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Tela de Elena Valsecchi
Despi-me de mim
Desnudei o corpo e a alma
Vagueei por sítios ermos
Encontrei almas antigas
Falei-lhes de mim
Do que não tinha sido, do que não tinha visto
Também lhes falei de tudo o que senti e ainda sentia
E ai como sentia ainda tudo tão presente nesta alma agora nua
E que sofria, que doía, que pedia para esquecer
Esquecer os dias vãos, amnésia de ilusões
Os amores vazios do sentir, do amar, do tocar,
Do respirar o mesmo ar
Pedi-lhes que me secassem de vez as emoções
Que me devolvessem à vida
Assim, estéril de paixões
Seca de ilusões de amar.
Que tinha de esperar outra vida, disseram-me
Que não era ainda, não era agora, não era o tempo,
Que não me tinham chamado ali
Que me fosse para de onde não devia ter saído.
Não fui.
Continuei a procurar outras almas mais antigas
E fiquei perdida no vazio dos tempos
Até me secar, até poder vestir-me de aridez,
Até deixar de sentir, até deixar de existir.

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