Trabalho de Ildebranda Martins |
Preso, sinto-me preso nesta caverna maldita onde habitam
todos os meus demónios, onde me chamam todas as tentações. Tento fugir,
escondo-me em vielas obscuras mas sou assediado por outros pequenos demónios,
os meus e os outros. Prazeres fugazes fazem-me esquecer a minha caverna por
momentos, apenas momentos.
E torno a fugir, mas antes cedo-lhes e digo que é só desta
vez. Que sim, como das outras vezes... não vale a pena, não vais conseguir.
Somos mais fortes, somos-te, não vez que tu e nós somos um?
E penso que não têm razão, que vou conseguir, que eles estão
lá, na caverna, e eu posso sair quando quiser. E saio. Devolvo-me a outros becos
e a outros demónios. Saúdam-me, sorriem-me com esgares de vitória e fazem-me
feliz, por mais uns momentos. Apenas momentos.
A caverna ficou agora mais longe e penso que desta vez não
me enganaram, os demónios. Os meus, que os outros ficaram no beco à espera da
recaída. Mas desta vez vai ser diferente, não vou voltar à caverna, nem ao tal
beco.
Foi então que percebi que a caverna tem várias caras e os
demónios são os mesmos de sempre.
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