terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Foto NR
De repente as palavra fugiram-lhe...
Tinha dito que lhe apetecia escrever. Rebuscou dentro da mala, mas tudo o que encontrou foi um pacote de lenços de papel; a caneta devia ter ficado por casa, em parte incerta.
Gabava-se de ser organizada dentro da sua desorganização, mas desta vez nem isso lhe valeu.
Pediu uma caneta emprestada e comprou um pequeno bloco de notas. Agora sim, podia escrever!
Duas horas e dois (ou três) cafés depois, continuava a olhar para o bloco, de caneta em punho. Nada. De repente foi como se o mundo tivesse ficado mudo, pelo menos o seu.
Seria da caneta não ser a sua, ou do bloco de notas comprado à pressa na tabacaria da esquina? Devia ser isso. A sua caneta já lhe conhecia as palavras e esta estranhou-a e teimou em ficar muda. Mas não, devia ser do bloco. Era novo em folha e, na pressa, não tivera tempo de o apreciar, de o cheirar, de tocar cada folha e perceber como viravam. O seu já tinha a sua pele em cada canto das folhas e a tinta corria ligeira...
Decidiu esperar, agradeceu a caneta e foi para casa. Havia de arrumar o novo bloco ao pé do outro e das tantas outras folhas à solta, na gaveta da secretária. Noutro dia voltaria lá, com outras ideias, velhas ou novas, e recomeçaria tudo outra vez.

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