sexta-feira, 22 de maio de 2015

Olhares

Tinha sede no olhar,
aquela sede insaciável, infinita, como infinitas são as sedes de tantos olhares.
Dêem-me de beber que me morre a paisagem,

que me morrem as cores,
que me morro eu!
Mas ninguém ouvia os seus lamentos, que tantos havia a fazer-lhes eco.
Os olhares estavam todos a morrer de sede, todos.
As paisagens e as cores, essas iam-se desvanecendo, até elas próprias se morrerem num suicídio colectivo,
numa morte não assistida,
numa morte que se queria vida.
Assim morrem os olhares,
de sede,
assim morre a vida.

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